Sabedoria do Inverno – O que fazer quando te sentes perdida de ti mesma?

Esta semana, em conversa com um amigo meu à volta da fogueira, falávamos sobre os convites da energia do Inverno. Ele partilhava comigo que apesar de sentir necessidade de estar com pessoas, e de vida social, sentia-se com pouca paciência e disponibilidade para estar com pessoas. Paradoxal não é?

Eu sorri e disse-lhe – “pois é, o Inverno está aí, e tu já estás a senti-lo”. 

O Inverno tem uma energia yin, é uma energia contractiva, para dentro. Convida à introspecção, à solitude, ao movimento interior. Ao contrário do Verão, que é uma estação expansiva, que nos convida a fazer o movimento para o exterior, para a relação com o outro, o Inverno convida-nos à relação com o mais profundo em nós, com o Espírito, é por isso que a considero uma estação profundamente espiritual. 

O Inverno traz-nos a crueza da vida, o escuro, a sombra, os ventos frios, a escassez. Ele despe-nos e leva-nos aos lugares internos mais difíceis, tais como o Vazio e a Solidão, que muitas vezes se apresentam como Desespero e Angústia.  Tal como a natureza vive os seus ritmos e ciclos, também nós internamente vivemos as quatro estações do ano.

O Inverno Interno são aqueles momentos da nossa vida em que nos sentimos completamente perdidas/os de nós mesmas/os. Sem chão, sem rumo, propósito ou sentido, vazias/os. É nesta altura que muitas pessoas procuram terapia e/ou buscam pela espiritualidade. Os sintomas normalmente são depressão, ansiedade, sensação de vazio, sensação de estarem perdidas, insatisfação. Quando estamos em pleno Inverno Interno nada do que é mundano satisfaz-nos, podemos olhar à nossa volta e ter tudo o que sempre desejamos, contudo, sentimo-nos insatisfeitas/os. Assim é, porque o convite do Inverno é para olhar para dentro. É para ir buscar nutrição dentro, ao Espírito e à Alma. 

“O Inverno ensina-nos que o que nos nutre emocionalmente é a conexão com a Alma, não as coisas do mundo.”

É por isso que o Inverno é uma estação profundamente espiritual, ele purifica, por vezes deixa-nos completamente despidos e coloca-nos em contacto com o que é essencial para cada um de nós. É por isso, que o meu amigo, sente que não está disponível para estar com qualquer pessoa, porque o que a alma dele busca nesta altura do ano é conexão verdadeira, é Essência.

No Inverno os recursos são poucos, é tempo de descansar, regenerar, e a nossa alma sabe que temos de ser inteligentes na forma como investimos o nosso tempo e a nossa energia. O Inverno ensina-nos que não podemos estar sempre virados para fora, produtivos e em colheita. Ele ensina-nos o valor do descanso, do silêncio, da solitude, da contemplação, da restauração e da regeneração. O Inverno é a grande gestação da Terra, de fora parece que nada acontece, que a natureza está morta, contudo, no seu interior, as terras estão a regenerar-se, a gestar-se, para que nova vida volte a nascer com a chegada do Sol e da Primavera.

O Inverno é a estação da espera, ensina-nos a ir buscar força ao nosso interior, à fé e à esperança, de que o sol, e dias maiores e mais quentes virão. Ele mostra-nos o valor do calor do fogo, da verdadeira conexão entre as pessoas, do amor e da entreajuda. Ensina-nos a importância da tribo e da comunidade, como recursos fundamentais para atravessar as épocas mais difíceis. 

Então o que fazer quando te sentes perdida de ti mesma/o?

1 – Para e dá-te tempo, lembra-te que te estás a gestar a ti mesma/o.

2 – Descansa.

3 – Confia e tem fé que este tempo irá passar.

4 – Olha para dentro, cultiva a solitude, a relação de presença contigo.

5 – Faz trabalho interior, terapia, aprende a conhecer-te, aos teus padrões mentais e emocionais.

6 – Investe nas relações que te são mais próximas, observa essas dinâmicas, pois dizem muito sobre ti.

7 – Cultiva a observação e a contemplação.

 

O Inverno Interno é como o tempo de casulo em que a lagarta se transforma em borboleta. Para que tal processo possa acontecer, a lagarta tem de se permitir morrer. Esse processo é bem doloroso e difícil, por isso aprende a cultivar uma voz compassiva para contigo quando estás nestes processos de profunda transformação. Aprende a suster-te e a estar em presença, pois isso irá trazer-te maturidade emocional e espiritual.

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Abre o teu coração, ama a tua vida!

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