A espiritualidade é o caminho para te (re)encontrares?

Muitas pessoas procuram o mundo da espiritualidade porque se sentem perdidas de si mesmas.

Mas será que o caminho da espiritualidade é o caminho para realmente se encontrarem?

A minha resposta, a partir da minha experiência pessoal e profissional, é sim e não ao mesmo tempo. O grande paradoxo da existência sempre presente.

Como tudo, depende do lugar de onde actuas.

Em primeiro lugar quero esclarecer que na minha visão não existe – não espiritualidade. Pois tudo é espírito. Então para mim não existe essa coisa de pessoas mais espirituais do que outras. O que para mim existe é pessoas que praticam (conscientemente) mais do que outras, a sua relação com o espírito.

A Anatomia do Espírito

Os seres humanos são seres multidimensionais e na sua jornada da vida existem determinados temas, aspectos de si mesmos, que devem ser integrados de modo a auto-realizarem-se.

Essa jornada da consciência pode ser observada através dos 7 chakras principais. A cada chakra estão associados determinados aspectos físicos, mentais e emocionais, que quando em equilíbrio, reflectem-se numa vida de harmonia e paz, quando em desequilíbrio, reflectem-se em desarmonia, doença física, mental ou emocional.

Cada fase ou tema faz parte da grande jornada da vida, não há hierarquia nem melhor ou pior, bom ou mau.

Os três primeiros chakras podem ser associados à energia feminina, à sombra. Os três últimos chakras à energia masculina, à luz. E no centro do peito, com o chakra do coração, temos esse grande portal que une mundos, e transcende a dualidade.

É por isso que uma prática espiritual que não compreende a integração da sombra, é na minha opinião, uma prática espiritual tóxica ou maneta.

Quando a tua prática espiritual promove a separação dentro de ti mesma/o, separando e reprimindo partes de ti mesma/o que não aceitas (sombra), significa que estás a usar a espiritualidade como um mecanismo de defesa, e não como uma prática para te (re)encontrares contigo mesma/o. A este mecanismo, chamamos em psicoterapia transpessoal – Bypass Espiritual.

Usar a espiritualidade como mecanismo de defesa, significa que estás a usar a espiritualidade para fugir de ti mesma/o, e desses lugares que te assustam. E quando fazes isso, crias mais separação interna, e em vez de te encontrares, crias uma nova identidade – a identidade espiritual.

 

A Identidade Espiritual

Todas as identidades ou máscaras que criamos, têm as suas próprias crenças e necessidades. Por norma as identidades ou máscaras criam-se pela necessidade de ser amado e aceite.

Em muitos “círculos espirituais”, à identidade espiritual, associa-se a imagem de alguém que está sempre zen, não se zanga, não bebe álcool, não fuma, é vegetariano, veste determinadas roupas, etc…

Lembro-me de há uns bons anos atrás, quando era professora de yoga e tinha uma escola, estar uma tarde sentada na esplanada a saborear uma cerveja (sagres, são as minhas preferidas), a sentir o quente do sol a tocar na minha pele, e a ter uma maravilhosa conversa com os meus amigos, quando além se vira com este comentário: “Raquel, estás a beber cerveja, mas tu és professora de yoga!”

Ao que eu respondi, “sim, sou professora de yoga, mas esse papel não me define. Antes de ser professora de yoga, sou a Raquel, que adora estar na esplanada a beber uma cerveja com os amigos”.

É natural que quando começamos um processo de auto-conhecimento, mudemos hábitos e comportamentos. Mas é muito diferente eu deixar de comer carne ou até deixar de beber cerveja, porque noto a sua influência na minha energia e na minha prática, do que fazê-lo porque isso faz de mim uma pessoa mais espiritual.

Ser ou não espiritual não é uma questão, lembras-te??

Ser espiritual não tem nada a ver com os teus comportamentos, com aquilo que consomes ou vestes, com aquilo que pensas ou com aquilo que sentes.

Espiritualidade Tóxica

Com a famosa New Age entramos numa espécie de ditadura ou racismo espiritual onde não se pode sentir raiva, tristeza, ter pensamentos negativos, ou outras “emoções densas”.

Mas isso é um grande absurdo, pois não existe essa coisa de ser ou não ser espiritual, nada faz de ti mais ou menos espiritual, como nada faz dos outros mais ou menos espirituais.

Espiritualidade vem de dentro, é a tua essência, não de fora.

É por isso que sim, a tua prática espiritual tem a potencialidade de ajudar a (re)encontrares-te, porque na tua essência tu és espírito.

Tu fazes parte do Grande Espírito, do todo, maior do que a tua consciência individual, a tua identidade separada, ou aquilo que se chama de ego.

E se te permitires fazer o trabalho de integração luz/sombra, poderás despertar para esse ser de Amor-Consciência que és na tua essência. Um Amor inclusivo e livre. Pois o verdadeiro despertar da consciência faz-se pela integração da sombra, não pela identificação com a luz.

Três Fases do Despertar Espiritual

Podemos falar de três aspectos ou fases da espiritualidade. Aqui sinto-me numa espécie de armadilha semântica, pois esta tarefa de dar forma ao que não tem forma é sempre tramada, e pode dar azo a interpretações “erradas”.

Mas cá vamos nós à tarefa…

Na integração da luz, masculino, descobrimos o poder da nossa mente, dos nossos pensamentos, da nossa consciência. Descobrimos que tudo é mente, que tudo é consciência, que somos co-criadores da nossa realidade e que o exterior, a nossa vida, é manifestação dos nossos pensamentos. Descobrimos que o propósito da existência é a própria expansão da consciência.

Na integração da sombra, feminino, despertamos para a emoção, para a energia, para a vibração, para o amor incondicional, descobrimos que não existe separação entre o eu e o outro, que aquilo que todos nós queremos é ser e expressar amor, e sentir essa conexão divina com o todo. Descobrimos que são as feridas emocionais inconscientes, individuais e colectivas, que não nos permitem receber e viver essa conexão e essa abundância.

Masculino e feminino, Consciência e Amor, um não vive sem o outro. E a terceira fase, é a união sagrada entre os dois, a que chamamos Vida. Este lugar, este paraíso, que nos foi dado, para aprendermos a ser escolha diária e consciente desse Amor-Consciência, o caminho da beleza.

Nesta fase percebemos que somos canal, seres metamórficos, com poder de escolha. Escolhemos não pelos condicionamentos, nem pelas feridas, mas sim porque estamos ao serviço do amor-consciência, algo que transcende e é transpessoal.

É por isso que viver no aqui e agora, e relacionarmo-nos em Amor-Consciência, é a maior prática espiritual de todas, já dizia o nosso amigo JC (Jesus Cristo) há 2000 anos atrás.

Espiritualidade e Autenticidade

Muitas pessoas que se sentem perdidas dizem que querem encontrar o seu propósito, a sua missão.

Para mim, o grande propósito da vida, é a própria vida. E a vida está constantemente a convidar-te para que te cumpras, para que sejas quem realmente És. Ser quem se nasceu para Ser, essa é a maior realização de todas.

É por isso, que para mim, a autenticidade é o grande veículo para o despertar espiritual.

Recupera o teu poder pessoal, a tua auto-estima, aprende a estar em relação, honra o outro, honra-te a ti mesma/o, segue o teu prazer, segue a tua energia, segue a tua intuição, e encontra-te-ás.

E porque tens medo de ser quem realmente és?

Porque achas que se fores quem realmente és, não será amada/o, não serás aceite, serás criticada/o e/ou julgada/o. E este é, meus queridos leitores, na minha opinião, o grande trabalho que temos de fazer enquanto indivíduos e colectivo. Aprender a amarmo-nos nas nossas diferenças, na nossa autenticidade, na nossa individualidade, a nós mesmos e aos outros.

Para que possamos ser um todo funcional e saudável, primeiro tem de haver individuação, cada peça do todo tem de saber quem é, e ocupar o seu lugar.

A isto eu chamo a revolução do Amor-Consciência….ou não fosse eu uma aquariana de gema 😉

Ama a tua vida,

Raquel

P.S. – Se queres iniciar o teu trabalho de autenticidade, autoconhecimento e individuação, sabe mais sobre o programa online Jornada do Despertar 21 Dias ou Terapia Individual Online.

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