As 5 Importantes Lições do Outono
Desde criança sempre me lembro de sentir a influência das diferentes estações do ano no meu estado interior. Em 2013 comecei a estudar e a trabalhar o Sagrado Feminino, e foi nessa altura que me deparei com os ensinamentos da Roda do Ano.
Para mim conceber o tempo como cíclico e não linear, como a nossa identificação com a mente nos faz acreditar, e conectar, através de celebrações e rituais com a energia de cada estação fez-me muito sentido.
A verdade é que nós somos seres da natureza. Nós somos animais, não só fazemos parte do ecossistema, como nós somos o ecossistema! E como tal, também nós somos cíclicos, tal como a natureza o é.
Acredito que o estado actual do planeta, a crise ambiental que vivemos, é um reflexo da crise interna que nós Seres Humanos vivemos actualmente. Esta é, na minha opinião, uma crise de valores, de desconexão total com quem nós realmente somos, uma crise de consciência. E acredito que é o retorno para a nossa casa internamente, e também externamente para a natureza, que nos vai curar, e salvar.
E foi isso que aprendi com a Roda do Ano, voltar a conectar-me com a minha própria natureza cíclica. Comecei a observar que ao contrário do que eu achava e faziam-me sentir, eu não era complicada, mas sim complexa, cíclica, e que tal como a natureza, internamente também eu vivo os meus outonos, invernos, primaveras e verões (se queres aprofundar este tema sabe mais sobre a minha Marterclass Online sobre Feminitude Consciente e o Arquétipos Femininos).
Quando te conectas com a energia da estação do ano, ganhas a possibilidade de ganhar consciência. De te conheceres verdadeiramente, e com isso, cresceres e evoluíres enquanto ser humano. A nossa sociedade actual, predominantemente patriarcal, e com isso extremamente identificada com o ego, é uma sociedade que nos tira desta natureza humana.
Ficamos presos numa energia de insegurança, falta, escassez e ilusão, que nos faz sentir constantemente medo, ansiedade e solidão. (Re)conectar com a nossa natureza humana cíclica, traz sabedoria, maturidade, consciência, paz, compaixão e amor (Sabe mais sobre como te conectar com a tua natureza ciclica aqui).
Hoje, e porque estamos em pleno Equinócio, quero trazer-te as 5 importantes lições que aprendi com o Outono.
1 – A lei da impermanência.
O outono é a estação da mudança e da transição. Ele faz a ponte entre o verão, estação da extroversão, com o inverno, estação da introversão. É a ponte entre o calor e o frio. Ele relembra-nos que tudo tem um início e um fim. Tal como o sol nasce todas as manhãs, também se põe todas as tardes. E que quando resistimos a essa lei universal, criamos apego, e com isso inevitavelmente sofrimento.
A única coisa que podemos saber acerca da nossa vida, é que ela vai mudar, nem que seja porque um dia iremos morrer, e/ou as pessoas que estão à nossa volta também um dia irão morrer.
Temos tanto medo da mudança, da morte, e morte aqui pode ser morte simbólica não obrigatoriamente física, que acabamos por boicotar e limitar a própria vida. Temos tanto medo da mudança e das transições da vida, que paramos no tempo e não nos permitimos expandir, viver, experienciar.
2 – O Desapego.
Penso que uma das lições mais importantes do Outono é a prática, e a importância, do desapego. Com as folhas a caírem das árvores, o Outono ensina-nos a importante lição do deixar ir. Quantas vezes nos apegamos e prendemos a coisas materiais, pessoas, ideias, hábitos, pensamentos, emoções, que só nos destroem, fazem mal, criam toxicidade e sofrimento?
Quantas vezes nos deixamos estar em situações, internas e externas, que já estão mais que mortas, mas que ficamos por medo e por apego? O Outono ensina-nos através das suas cores, dos seus movimentos e dos seus suaves ventos, a bela lição do deixar ir, da aceitação e render à vida.
3 – Ritual de passagem e transformação.
O outono é por muitos considerada uma estação melancólica. Porque ele nos recorda a crueza da vida, a morte, a impermanência, é em si um portal de iniciação. E como tal caldeirão de transformação, onde a verdadeira alquimia do Ser pode acontecer para aqueles que realmente se permitem crescer e transformar.
Quando há verdadeira transformação, há ritual de passagem. Há verdadeiro amadurecimento, crescimento, e as aprendizagens e vivências transformam-se em sabedoria. Uma pessoa que passa pela vida, pelos acontecimentos, e não se deixa transformar por eles, perde a oportunidade de verdadeiramente crescer.
Porque não se permite morrer, desidentificar-se com a identidade, fica presa no passado. É por isso que às vezes conhecemos pessoas de 70 anos que são internamente autênticas crianças birrentas, e outras que nos seus 25 anos são verdadeiras sábias.
4 – Equilíbrio.
No dia do Equinócio do Outono, dia e noite têm a mesma duração. O Outono ensina-nos que a medida certa para se viver nesta jornada da vida, é o equilíbrio. Que sem sombra não há luz, que sem morte não há renascimento, juventude sem envelhecimento.
Que tudo está certo na medida certa. Que aquilo que separa o remédio do veneno, é a quantidade. Que medo na medida certa se transforma em fé, desapego em libertação, apego em foco e manifestação, tristeza em compaixão.
O outono mostra-nos que como parte da natureza e da vida, nós somos o todo, luz e sombra, e que só o reconhecimento dessa verdade nos irá permitir viver com integridade e completude.
5 – A gratidão.
No Outono celebram-se as últimas colheitas do ano, e por isso, ele ensina-nos a arte de agradecer por tudo o que temos na nossa vida, a começar pela própria vida. Enquanto final de ciclo e inicio de outro, o Outono convida-nos a olhar para o que ficou para trás com olhos de gratidão. Porque é que havemos de olhar para o que ficou para trás com sofrimento? Porque não olhar para o que ficou com amor e com gratidão?
Quando praticamos o desapego, quando aceitamos a impermanência da vida, somos capazes de viver mais o presente, e com isso olhar para o passado com amor e gratidão. Pelos momentos “bons” que foram vividos como verdadeiras bênçãos, e pelos momentos “maus” que foram verdadeiras lições catalisadoras de aprendizagem e crescimento.
Muitos de nós anseiam por se tornarem na sua melhor versão, por querer viver vidas extraordinárias. Mas poucos estão dispostos a criar espaço para que esse novo Eu, essa nova vida, possa nascer. O outono lembra-te que para que algo possa surgir, algo tem sempre primeiro de morrer.
Ele relembra-te que és inteiro, e que é a identificação com o ego que te faz esquecer quem realmente és na tua essência. Pura consciência a expressar-se na matéria.
Acede aqui à meditação “Medicina do Outono” (gratuita) e conecta-te te com a energia da estação.
Desejo-te um feliz e abençoado Outono!
1 Comment
Muito de encontro ao que sinto neste momento. Gratidão.
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