Festival Boom – Um mundo com mais conexão
Fez anteontem uma semana que regressei do festival Boom. Esta foi a minha 6ª edição. Para mim foi um festival completamente diferente de todos os outros, pois fui pela primeira vez sozinha, sem marido, sem um grande campismo e grupo de amigos, e para assistir a minha amiga Filipa Veiga na sua aula de yoga.
A última vez que tinha ido ao Boom, tinha sido em 2014. Nessa edição os bilhetes esgotaram pela primeira vez, sentimos que havia pessoas a mais, e isso implicou com a nossa vivência do festival. Por isso, e por outras razões, enquanto família, tínhamos optado por não participar este ano de 2018. Mas a Filipa trocou-me as voltas, e foi-me impossível recusar o seu convite. E ainda bem que assim foi! Pois esta edição, entre outras coisas, fez-me recordar o porquê de me ter apaixonado pelo festival desde a primeira vez que lá fui; o reflexo da visão de um mundo com mais conexão.
A mensagem do Boom.
O Boom é o festival dos festivais! E deixa-me triste que os próprios portugueses não reconheçam isso. O Boom é muito mais do que música trance ou drogas, como muitos o limitam. A mensagem do Boom é simples, consciência, evolução pessoal e espiritual, e sustentabilidade. Já ganhou vários prémios na área do ambiente, é reconhecido internacionalmente por diferentes entidades, e nesta edição contou com a “presença Leo Hoffman-Axthelm, representante europeu da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, que conquistou o Prémio Nobel da Paz em 2017”.
Segundo a organização, nesta edição de 2018, o festival recebeu mais de 30.000 participantes vindos de 147 países diferentes, “quase um milhar de artistas de diversos países; workshops; palestras; inúmeras ações de promoção da sustentabilidade ambiental”.
O festival está a crescer.
Quando já participamos num festival à mais de 10 anos como acontece comigo e o Boom, é fácil cair no arquétipo do “velho do Restelo” e na velha frase, o “Boom já não é o que era”. A vida está em constante mudança e transformação, e portanto, não é de estranhar que o festival ao longo dos últimos anos também esteja a mudar e a crescer.
Nesta transformação, há coisas que infelizmente se perdem, mas outras se ganham. Há um certo sentimento roots, que não consigo explicar por palavras, que se está a perder. Percebes claramente a mudança, quando vês na Chai Shop que fica por detrás do Dance Temple, chupa-chupas e chocolates da Nestlé à venda. Este, entre outros, é para mim sinal que o festival está a ficar mainstream.
O reflexo da dualidade.
Mas ao mesmo tempo que uma parte do festival vai ficando mais contaminada pela matriz do sistema, também a parte de expansão da consciência vai crescendo. E foi muito clara esta dualidade de luz-sombra nesta edição do festival. Para mim foi lindo e um privilégio observar este microsistema que é reflexo do grande sistema que é a nossa sociedade.
Notei que este ano, a programação dos workshops, terapias, palestras e celebrações estava bem maior do que nas outras edições, e que as tendas desses eventos estavam a abarrotar de participantes interessados em aprender mais sobre espiritualidade, cura e desenvolvimento pessoal.
Uma visão colectiva.
Milhares foram os que participaram no festival porque querem estar junto de pessoas que têm a visão de um mundo diferente. Que sonham com uma sociedade consciente, que cuida da Terra, que vibra em amor e harmonia, que expressa a alma e que vive a vida de modo mais natural. Muitos foram porque queriam celebrar com os seus semelhantes, à volta da fogueira, com cânticos e danças, a alegria de se estar vivo.
No Boom as pessoas olham-se nos olhos e sorriem umas às outras, cumprimentam-se. Estranhos dançam uns com os outros, abraçam-se e choram juntos. Mesmo em silêncio conectam na sua luz e a na sua sombra, pois sabem que partilham da mesma essência, da mesma sede por conexão, por amor, partilha, celebração, alegria e autenticidade. Sabem também que partilham os mesmos desafios, as mesmas dores, mágoas e tristezas.
À medida que os dias foram passando fomos sendo mergulhados no vortex Boom, um portal onde não existe espaço nem tempo. As defesas do ego foram caindo, e aos poucos fomo-nos reconectando com o nosso verdadeiro Ser. Filhos e filhas da Terra, almas encarnadas, que têm como missão serem felizes.
Integrar a experiência Boom
Esse foi o meu Boom, e foi muito especial. Conheci gente dos quatro cantos do mundo que partilham da mesma visão que eu. Foi difícil regressar e aterrar, mas aos poucos a experiência integra-se no meu ser. Agora chega a hora de expressar, partilhar e inspirar a visão. Porque eu acredito que é possível mudar o mundo. Um a um, curando as feridas, expandido a consciência, reconectando com a alma, com a natureza, voltando às raizes de quem somos.
Expansão da consciência e integração é a grande tarefa que temos pela frente enquanto humanidade. Para o ano não há Boom, pois este acontece apenas de dois em dois anos, mas há a 3ª edição do Being. Um festival da mesma organização do Boom, no mesmo local mágico, mas focado e dedicado exclusivamente aos workshops, palestras e actividades de celebração, expansão, integração e cura. Eu vou lá estar, e recomendo vivamente! 🖤
Crédito de Imagem: “Shoot Your Shot” photography
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