Yule e a Origem das Tradições do Natal
Nesta época Natalícia, não podia deixar de reflectir sobre a os costumes e tradições desta quadra, a sua origem, e como podemos vivê-la de modo mais consciente e profundo. Eu considero-me uma “freak” do Natal. Sou aquela pessoa que tem sempre as luzes da árvore de Natal acesas e põe música de Natal a tocar durante a tarde enquanto faz vinho quente com especiarias. Apesar de ter herdado grande parte deste gosto pelo espirito natalício da minha família materna, agora que estou a constituir a minha própria família, também estou a desenvolver as minhas próprias tradições de comemoração. E este é o verdadeiro brilho das celebrações, comemorações e rituais, é termos a liberdade de criar aquilo que faz sentido para nós.
Há já alguns anos, comecei a estudar as civilizações e tradições antigas, nomeadamente as tradições celtas, e usando as palavras da Susana Duarte, ” é impossível discutir as Tradições do Yule sem mencionar o Natal”. Para entendermos a profundidade das festividades do Natal, todos os seus costumes, símbolos e tradições, temos de recuar aos tempos dos nossos ancestrais pagãos e à época em que as reverencias eram feitas à Deusa.
O Yule é o nome Celta para a celebração do Solstício de Inverno, que costuma acontecer entre os dias 21 e 22 no hemisfério Norte. Segundo a autora, para os pagãos, o Yule é a celebração da vitória do Rei do Carvalho (Rei Sol) sobre o Rei do Azevinho (Senhor das Sombras), pois a partir do solstício, os dias começam a crescer. Neste dia celebrava-se o espirito da Terra, a sua essência cíclica de vida – morte – renascimento, e pedia-se ajuda, força e coragem aos espíritos da Natureza para atravessar as adversidades da estação do Inverno.
As casas eram decoradas com azevinho e grinaldas, e lá dentro era colocado uma árvore verde decorada com estrelas e sinos, com o objectivo de criar abrigo para os espíritos da Natureza. Aos pés da árvore eram colocados presentes para esses seres mágicos. Para muitas tradições antigas, esta era época de celebrar e adorar o sol, a luz, a fertilidade e a prosperidade que vêem com o crescer dos dias na Terra. Estas celebrações eram feitas à volta da fogueira, em família, com danças, cantos e partilha de histórias. Era celebrado o amor, a união e as realizações do último ano. Nozes, bolos de fruta e vinho quente com especiarias, eram alguns dos alimentos que se confeccionavam nas celebrações do Yule. Era também comum cozinhar um prato de peixe, carne e ave, geralmente em assado, de modo a honrar e agradecer os diferentes reinos (àgua, terra e ar). As cores verde, branco, vermelho e dourado vêm também dessas tradições que faziam rituais associados à fertilidade e ao nascimento do Rei Carvalho (Deus Sol) usando símbolos como o visco (masculino) e o azevinho (feminino).
Tenho a certeza que reconhecem muitos dos costumes do Yule que acima mencionei. Estes costumes na sua maioria pagãos, datam da era pré-cristã. Segundo diversas fontes, a festividade foi absorvida pela Igreja Católica no séc. III com o objectivo de converter os povos pagãos ao Catolicismo. Segundo os historiadores, a verdadeira data do nascimento de Jesus é desconhecida, ao que parece, as escrituras referem que nasceu no vigésimo quinto dia, mas não indica de que mês. Como podemos verificar, a maior parte dos costumes e tradições que realizamos nesta quadra tem a sua origem nas tradições pagãs e no culto à Terra.
A minha intenção com a divulgação desta informação é que nos conectemos às nossas raízes, que sejamos mais conscientes dos símbolos, e possamos viver e celebrar de modo mais consciente e conectado connosco, com os outros e com o planeta. Pois a reverência à mãe Terra, o Paganismo e o Xamanismo, são tão, ou mais, antigos quanto o próprio Homem.
A todos desejo um Feliz Natal, com muito amor, harmonia, paz e alegria. Que a energia Crística se enraíze cada vez mais nos nossos corações.❤
Imagem: Tim Mossholder
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