Psicologia do Inverno

A roda do ano continua em movimento, e hoje, com a noite mais longa do ano, celebramos o Solstício de Inverno. Os antigos celtas neste dia celebravam o nascimento do rei Sol, festival a que chamavam de Yule e que está na origem do Natal Cristão. A partir de hoje, os dias começam a crescer e a mãe terra prepara-se para voltar a receber vida com a chegada da Primavera. É dia de celebrar a luz, e relembrar que é necessário ter esperança, de que a fertilidade e o calor irão regressar à terra. É a celebração da natureza cíclica da vida.

O Inverno, com as suas longas noites escuras e frias, convida-nos a parar e a descansar. É a estação da introspecção e da reflexão, tempo de quietude que facilita a meditação e conexão espiritual. A natureza está  adormecida, despida, a morte e o vazio andam no ar. Há uma certa pureza que se sente nos ventos gélidos do Inverno e a sua energia convida-nos a despirmo-nos de tudo aquilo que não nos serve, que está morto, que não nos nutre, que nos bloqueia. Despirmo-nos das máscaras e falsos selfs que desenvolvemos para nos adaptarmos à sociedade. É período de libertação e purificação. É a época em que se queima o entulho para fertilizar os solos, que irão receber as sementes que vão brotar na Primavera.

Sem escuridão nada pode nascer, assim como sem luz nada pode florescer.

May Sarton

Apesar do seu aparente descanso, nas profundezas da Terra, a criação acontece. Os solos regeneram-se e preparam-se para receber as sementes. É a época da gestação, do escuro, do vazio, do útero que gera a vida. O Inverno convida-nos a aceitar a escuridão da vida, aquelas alturas em que parece que nada acontece, que estamos estagnados, perdidos, sem rumo. Ele ensina-nos a paciência e a fé, pois tal como é certo que depois do Inverno chega a Primavera, também nas nossas vidas, o nosso inverno interno passará, e uma nova vida, uma nova maneira de ser e de estar dará à luz. Aprender a lidar com o vazio e com o escuro das nossas vidas internas é fundamental para que nos possamos reinventar, crescer e evoluir. Tudo o que nasce, primeiro tem de morrer e ficar no escuro da gestação. É assim o ciclo da vida e o mistério da criação.

No Inverno é o calor das lareiras, o calor da união com os que nos são mais queridos e o calor que brota dos nossos corações, que nos dá alento para atravessarmos esta que é talvez a mais difícil estação do ano, e das nossas vidas. Hoje celebramos o espirito da Terra, a natureza cíclica da vida. Aprender a aceitar e a viver os ciclos, é a sabedoria que traz paz e harmonia para as nossas vidas. A todos desejo um feliz e abençoado Yule e um Santo Natal.

Créditos de Imagem: Donna

1 Comment
  • Marta Matias Posted Dezembro 21, 2017 1:29 pm

    Raquel adoro as tuas palavras. Fazem me refletir enchem me de gratidão para com a Natureza, com a Vida.

    Obrigada

    Beijinhos e bom Natal também pra Ti.

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